terça-feira, 3 de junho de 2008

Xenofobia e preconceitos

Xenofobia e preconceitos Xenofobia é comumente associado a aversão a outras raças e culturas .É também associado à fobia em relação a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivíduo que apresenta a fobia habitualmente não entra em contato e evita.

Por esta razão Xenofobia tende normalmente a ser visto como a causa de preconceitos. Por exemplo, defensores do termo homofobia acreditam que todo preconceito a Homossexuais provém de medo irracional (fobia).

Porém isto não é totalmente verdade. Xenofobia pode realmente causar aversões que levam a preconceitos raciais ou de grupos. Contudo nem todo preconceito provém de fobia. Preconceito pode provir de outras causas. estereótipos pejorativos de grupos minoritários por exemplo, podem levar um indivíduo a ter uma idéia errada de outro grupo podendo ultimamente levá-lo ao ódio. (Não por medo, mas por desinformação. Exemplos: de que asiático é sujo, que muçulmano é violento, que negro é menos inteligente, etc...). Outra causa pode provir de ideais e conceitos preconceituosos, em que a causa não é fobia, mas conflitos de crenças. Esta causa é similar a anterior, porém é gerada por conflito de conceitos, não desinformação. Por exemplo, um grupo machista odiando homossexuais (por contrastar com sua forma de vida), religião pregando contra outras religiões (por conflito de conceitos), ideais políticos como o arianismo nazista etc...

Pessoas naturalmente possuem xenofobia a coisas alienígenas (ao que é bizarro e jamais visto por este), não necessariamente provindo de outro mundo. Esta manifestação de xenofobia pode, por exemplo, explicar medo pelo sobrenatural e extra-terrestre, ou o fascínio pelo medo às criações de H.P Loyecraft (ver Cthulhu Mythos ), ou as pinturas deH.P Giger (mais conhecido pela criação da criatura xenoforma do filme alien).

Porém xenofobia pode se manifestar como medo a um desconhecido familiar, mas diferente ao comum (por exemplo, a culturas diferentes). Neste caso, o medo é mascarado no indivíduo em forma de aversão ou ódio, gerando preconceitos. Note, porém, que nem todo preconceito é causado por xenofobia, como veremos adiante.

Como qualquer fobia, xenofobia pode vir em diferentes intensidades, podendo se tornar uma doença psicológica.

Xenofobia como doença

Neste sentido mais restritivo de xenofobia, aceita-se apenas o medo excessivo e descontrolado ao desconhecido. O medo natural ao desconhecido não é mais parte de xenofobia, sendo xenofobia o excesso deste medo.

Xenofobia, neste sentido, é uma doença psicológica, e insere-se no grupo das perturbações fóbicas, sendo este uma fobia específica. Estas fobias são caracterizadas por ansiedade clinicamente significativa provocada pela exposição a uma situação ou objeto temido (neste caso, pessoas ou situações estranhas ao doente), que frequentemente conduz a um comportamento de evitamento.

As pessoas que apresentam este terror persistente, irracional, excessivo e reconhecido como tal, tendem a evitar o contato com estranhos uma vez que esta situação lhes provoca extrema angustia, ansiedade, aumento da tensão arterial e da frequência cardíaca. Nos casos mais graves podem, inclusive, ter um ataque de pânico. O evitamento, antecipação ansiosa ou mal-estar em relação à situação temida, interfere significativamente com as rotinas normais da pessoa , funcionamento ocupacional, relacionamentos e atividades sociais desenvolvidas.

Xenofobia

A xenofobia é um dos fenômenos mais presentes na história e também um dos mais característicos de nossa sociedade. Em uma definição mais geral, pode-se dizer que é uma aversão pelo que é diferente, pelo outro, que geralmente nos assusta com sua alteridade. Mas é também um termo usado para denominar um transtorno psiquiátrico que gera um medo excessivo, sem controle algum, ao que é desconhecido – objetos ou pessoas. Este conceito também se estende, de forma um tanto polêmica, a qualquer discriminação de ordem racial, grupal – em referência a grupos minoritários – ou cultural. Esta acepção causa uma certa ausência de clareza, pois é assim confundida com preconceitos, e nem todos eles são considerados fobias.

O repúdio a culturas diferentes geralmente traz em sua essência o ódio, a animosidade, o preconceito, embora este possa provir também de outras raízes, como opiniões preconcebidas sobre determinados grupos ou coletividades, por pura falta de informação sobre eles; conflitos ideológicos que envolvem crenças em atrito, causados por um choque conceitual; motivações políticas e outros tantos fatores. É polêmico, porém, em alguns casos, definir se há preconceito ou xenofobia, como no episódio do Nazismo . Este fato histórico envolveu grupos e culturas diferentes, violência desenfreada, crimes hediondos, desencadeados por um grupo que se encontrava no poder na Alemanha, durante a Segunda guerra mundial, contra pessoas que eles julgavam diferentes e inferiores. Estes indivíduos não foram apenas mortos, mas torturados, manipulados geneticamente, utilizados como cobaias em experiências terríveis, o que descarta a presença apenas de fatores político-sociais, e dão a este acontecimento um caráter doentio.

Hoje, nos Estados Unidos e na Europa, há um retorno da intolerância, principalmente contra os estrangeiros, e um certo avanço de um movimento que se denomina de neofascismo, com a eleição de partidos de extrema direita. Também se ouve falar, inclusive no Brasil, na constituição de novos grupos que se auto-intitulam neonazistas. A esses fenômenos os pesquisadores sociais costumam chamar de xenofobia, no seu sentido mais amplo. Mas não é complicado perceber nestes fenômenos fatores mais sociais, políticos, econômicos, do que psíquicos, embora não seja difícil atribuir aos mecanismos sociais mais recentes um componente de certa forma patológico.

Em seu sentido mais restrito, a xenofobia tem como principal sintoma um medo descomedido e desequilibrado do desconhecido. Exclui-se assim o temor em seu aspecto natural. Deste ponto de vista, ela é considerada uma doença, causada por uma ansiedade de teor significativo, desencadeada após um período de exposição a um contexto ou a um objeto desconhecido e, por isso mesmo, assustador. As pessoas que apresentam traços tenazes de terror irracional e passam a evitar situações que consideram arriscadas, podem inclusive ser suscetíveis a uma crise de pânico. Com estes sintomas, o indivíduo tem sua rotina alterada e até mesmo prejudicada.

O tratamento da xenofobia envolve geralmente o uso de uma terapia comportamental. O paciente é exposto à situação traumática, neste caso ao contexto de estranhamento que lhe provoca terror. Aos poucos, a pessoa se conscientizará de que essas circunstâncias não representam o perigo e a ameaça que ela supunha. Esta técnica é chamada de dessensibilização sistemática, elaborada por Joseph Wolpe, entre 1952 e 1958. Esta terapia tem sido considerada a mais eficaz nestes casos de fobia.

O retorno da xenofobia

O fenômeno da xenofobia está de volta. Ou ele nem sequer foi superado? Normalmente só se discute sobre isso quando um perigo emergente já se torna tão perceptível que a situação possa vir a piorar. Até então, costuma-se acreditar que esse problema seja coisa passada e que a discriminação nos últimos anos tenha diminuído. Mas a realidade, que novamente confirma o caráter contraditório da existência humana, demonstra que a história não necessariamente ruma numa direção positiva, como se quer acreditar, mas que avanços contrastam com recuos. Idéias que se tinha como fora de moda, absurdas e retrógradas, podem novamente vir a ser atuais e modernas. Isso significa que as idéais não morrem pelo simples decurso do tempo e que, em conformidade com o espírito de uma época, podem retornar.

Na Europa, muitas pessoas estão chocadas com o avanço do neofascismo. A maioria não queria acreditar que partidos de extrema direita pudessem ter sucesso nos “democráticos” países industrializados europeus. Na Alemanha, onde especialmente o anti-semitismo marcou a história, impera o silêncio diante do avanço da extrema-direita nos países vizinhos. O NPD (Partido Democrático Nacional da Alemanha) que, segundo o atual governo, deveria ser proibido, comemora o sucesso da extrema-direita na Europa, especialmente na França e na Holanda. Apesar dos partidos de extrema-direita na Alemanha estarem fragmentados e até agora não terem conseguido o mínimo de 5% de votos necessários para ocupar uma vaga no Congresso, eles vislumbram, agora, boas perspectivas para a frente. A organização da extrema-direita também cresceu com a utilização da Internet. Mais de 800 sites na Internet oferecem textos, músicas e informações sobre demonstrações neonazistas, o que o governo não pode proibir, pois muito do que é oferecido provém do exterior. É notável, também, que o fenômeno do neonazismo tem aumentado nas escolas.

Aproximadamente 10% da população alemã é composta por estrangeiros, dos quais 28% são turcos, os mais atingidos pela discriminação. A discriminação é especialmente visível em demonstrações da extrema-direita e músicas, sendo que estas últimas já criaram um novo mercado: o mercado do rock de direita. Felizmente, ocorrem, paralelo a muitas demonstrações nazistas – que já há bastante tempo vêm acontecendo, com ódio a imigrantes e resistência contra o governo alemão –, manifestações contrárias de combate a um possível crescimento da xenofobia. Mas, também, entre o leste e o oeste da Alemanha, o “muro na cabeça” dos alemães ainda não caiu. Os salários mais baixos e o maior desemprego no leste demonstram que, após 12 anos, a unificação alemã ainda não foi alcançada. A divisa continua sendo publicamente refor­çada através das constantes comparações e da rotulagem do leste como “os novos Estados” o que, de fato, confirma a existência de uma Alemanha no leste e outra no oeste.

Evidentemente, o avanço da extrema-direita não ocorre por acaso. A crise da economia e do Estado de bem-estar social, associada às rápidas transformações tecnológicas, ocasionou um crescente desemprego e colocou a competitividade a qualquer custo como única alternativa de sobrevivência. Esta conjuntura gera insegurança, ressentimento e violência. Com o gradativo desmonte do Estado de bem-estar social por parte dos governos social-democratas, os quais até agora se apresentaram como alternativa contra os partidos de direita, a população ficou desorientada, especialmente os desempregados, trabalhadores e jovens. Se, nestas circunstâncias, as alianças de “centro-esquerda” ainda estão sem perspectiva e não oferecem uma clara linha e alternativas políticas, abre-se o espaço aos velhos charlatões políticos. A extrema direita procura enfocar os problemas dos países que afetam diretamente a maioria da população e propõe soluções simples e discriminadoras, mas que exercem um forte poder de atração. É, por exemplo, mais fácil responsabilizar os estrangeiros pelo desemprego, pela criminalidade e pela insegurança, do que entender as complexas razões dos problemas. As soluções apresentadas são, então, também bem simples e conduzem à xenofobia, quando os estrangeiros são tratados como concorrência indesejada.

Mas, a xenofobia expõe os países europeus a uma séria contradição econômica. Por causa do baixo índice de natalidade e da crescente expectativa de vida da população, existe a tendência de que a Europa venha a ser a sociedade mais idosa do mundo. Nesta perspectiva, conforme um estudo da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em 2000, 1,5 milhão de estrangeiros teriam de imigrar para a Europa por ano, somente para sustentar o atual número de pessoas em idade de trabalho até 2050. Para manter constante a proporção entre trabalhadores e pensionistas, seriam necessários 13,5 milhões de imigrantes por ano.

As evidências demonstram o absurdo e a contradição da xenofobia na Europa, quando a extrema-direita, com seu discurso nacionalista, se coloca contra os próprios interesses de seus países. Pode ser também que, em função da sua superficilidade, a ideologia do racismo seja tão difícil de ser combatida. Quando os interesses particulares das pessoas são manipulados de tal forma, que o passado não tenha mais sentido e que as perspectivas racionais de futuro sejam concebidas como inalcansáveis, operam idéias que nem sequer mais eram levadas a sério.